21.3.06

Um minuto

Na próxima semana, vou viajar. Como a ideia é descansar, os novos destinos, com os consequentes esforços físico e mental da descoberta, foram postos de lado. Os maçadores, os demasiado perto e os demasiado longe, pela mesma razão, também. Sobejaram duas hipóteses credíveis. Duas. Depois de hesitar - e de alguma forma influenciado pelos alarmistas alertas de um alarmado dermatologista - acabei por escolher Nova Iorque. Mas o Rio anda sempre cá, bem metido no fundo, nos lados e no meio da cabeça. O Ivan vê bem a coisa. Num minuto pomo-nos lá. Com aquele calor irresponsável, a mancha urbana e a mata atlântica, os moleques de sunga a atravessar a Vieira Souto, o surfista que ao fim da tarde vai pegar onda no Arpoador, o boteco com a coxinha e o chope (estupidamente gelado) depois da praia, o terraço do Marina (este costuma estar vazio), e o assobio de Gilberto Gil logo seguido de um verso tão fino como "Não adianta nem me abandonar / Porque mistério sempre há de pintar por aí ..."
Não se trata de regressar a um sítio onde já se foi feliz. Mas tão só de voltar ao lugar onde se é sempre feliz.