10.5.06

Ter ou não ter

É óbvio que defendo políticas de incentivo à natalidade, e não, não é só para que haja mais milfs. É para que o país possa, senão crescer, pelo menos sobreviver. Por opção política - sou a favor da procriação, seja dentro ou fora da família -, por razões demográficas e só acessoria e conjunturalmente por motivos económicos. Para que haja gente, primeiro, e só depois para que haja dinheiro. Dinheiro esse que servirá, ente outras coisas, para pagar impostos e naturalmente a segurança social.
A questão do incentivo à natalidade pode pôr-se de duas formas: premiar aqueles que têm filhos (ou mais filhos) ou penalizar aqueles que não têm (ou que têm menos). Em abstracto, havendo uns que vão ter um tratamento mais favorável que outros, poder-se-á sempre falar em prémios e penalizações. Em concreto, porém, partindo da realidade actual, o que defendo é uma melhoria da situação (a nível fiscal, desde logo) para os que têm ou venham a ter mais filhos e não a penalização daqueles que não os têm. O Estado deve retirar menos a todos, mas menos ainda aos que têm mais gente a seu cargo.
É óbvio que cada um é livre de ter ou não ter filhos. Não precisamos de estar sempre a invocar os mesmos espíritos: a liberdade, o direito à escolha, o individualismo, blá blá blá, etc. Mas o que é diferente pode - e, às vezes, deve - ser tratado de maneira diferente. Uma família ou uma pessoa com três, quatro ou cinco filhos, não é exactamente a mesma coisa que uma família ou uma pessoa sem filhos. É objectivo. É - como dizem os colunistas - facto. Depois, há quem defenda (eu, como já se percebeu) que em certos aspectos uns e outros devem ter tratamento diferente e há quem defenda que não. Pelas mais variadas razões, sejam políticas, económicas, religiosas, esotéricas, whatever. E não só - nem sobretudo - para resolver o problema da segurança social. Pois, se for apenas para isso, há soluções mais baratas: matar as velhas, que os velhos morrem logo a seguir.