14.6.06

Itália

Até este preciso momento, a melhor equipa africana foi o Gana, a melhor equipa (sem mais) foi a Itália e o melhor jogo, logicamente, o Itália-Gana. Numa altura em que a diplomacia sabuja predomina no mundo da bola, a Itália apresenta-se a jogar de uma forma quase absolutista. Quando não tem a bola, defende, como só ela sabe, com dez jogadores distribuídos pelo interior e limites da grande área, esperando pela inevitável perda de bola do adversário. Logo que recupera, lança-se em contra-ataques rapidíssimos e sem quaisquer rodeios. Pontapé para a frente, como nos matraquilhos. Os italianos não se dão ao trabalho de fintar os jogadores que lhes aparecem pela frente. Despacham de imediato a bola por cima deles ou, pura e simplesmente, ultrapassam-nos em corrida, como se não passassem de corpos irrelevantes, à beira do desprezível, cujo objectivo não é mais do que atrasar um pouco a cavalgada até à baliza contrária. Os jogadores adversários estão para Toti, Pirlo, Camoranesi, Toni e tutti quanti, como as barreiras dos 400 metros barreiras estavam para Edwin Moses: algo que, como mais ou menos incomodo, se ultrapassa a correr e a saltar. Sempre gostei do catenaccio e desde que Zico , Sócrates, Cerezo e Falcão abandonaram a selecção brasileira que torço pela Itália. Mas assim dá mais gozo.