25.9.06

Os dias de Osama

Hoje em dia, não há thriller político que não meta Al Qaedas, mullahs e Bin Ladens. Nos anos 70, a idade de ouro deste género, tudo era diferente. Havia-os para todos os gostos. Um dos favoritos é The Day of the Jackal (1971), romance de Frederick Forsyth que conta a história de um assassino profissional contratado pela OAS (Organisation Armée Secrète) para liquidar o General De Gaulle. A única coisa chata é o final feliz. Ao longo do livro - ou da magnífica versão para cinema realizada em 1973 por Fred Zinnemann - torço pelo chacal contra o aparatoso aparelho burocrático do Estado francês. A minúcia que põe na execução do seu plano, o aspecto impecável (para os standards da época) com que quase sempre se apresenta, as boas maneiras, fazem dele um criminoso encantador. Parece mentira, mas há pouco mais de vinte anos atrás havia ficção de espionagem capaz de suscitar sentimentos ambíguos. Hoje, nos livros e nos filmes, é difícil torcer pelos maus. A coisa é feita de forma a não dar grandes saídas. Os maus são feios, porcos e maus. Os maus são invariavelmente os outros - uns selvagens que não deixam margem para afinidades. Os maus são uma praga, que nos condena a nós - leitores, espectadores - a torcer pelos bons.