27.4.06

Festa Quase Famosos


Entre 25 de Abril e 1 de Maio calha sempre bem uma festa. Uma festarola onde o povo trabalhador e oprimido faz uma pausa na jornada de luta para fazer sapateado ao som dos êxitos da revolução.
Os Quase Famosos, essa trupe de DJ’s demagógicos, providenciam o momento de relaxo e recreio.
É já na sexta, 28 de Abril, na danceteria Frágil.


Sensivelmente à mesma hora, num corredor de nome Naperon, actuam os DJ do C********. Dada a proximidade - uma é na rua de cima, a outra na rua de baixo - dá para ir saltando de festa em festa. Deixo-vos apenas um aviso amigo: ao contrário dos QF, que amam o povo socialista, os DJ do C******** são uns reaças do C******inho. Numa das suas últimas actuações, até música em honra de Carl Schmitt passaram:

Carl Schmitt
Carl Schmitt
Carl Schmitt

Speed us away!

(We're goin' nowhere fast!)

26.4.06

Separados à nascença (defesa da honra)

Passo a vida em busca de semelhanças físicas entre pessoas. Interessam-me, sobretudo, as parecenças de cara e de expressão, seja esta facial, gestual, maneirismos no falar, idiossincrasias no modo de reagir - no que de físico há numa reacção -, na forma de responder a perguntas, etc. Já encontrei alguns Saddams Husseins (período pré-invasão) em Lisboa e conheço pelo menos um homem que é idêntico em todos aqueles aspectos ao Gilberto Madaíl. Depois, a cada esquina, deparo-me com sósias de personagens de banda desenhada (o Pedro Lomba, por exemplo, com uma farta, desordenada e pontiaguda barba, é igual ao Rasputine do Corto Maltese na Sibéria), de animais (o exemplo clássico é Ângelo Correia e um castor), de gente do show biz americano (menos) ou turco (mais), da representação pictórica de figuras históricas (já vi Napoleão a calcetar passeios e Arquimedes a assar sardinhas), ou até de divindades (sim, já dei de caras com seres semelhantes a Deus). Mas nunca, até hoje, vi alguém parecido comigo. O Jaime tem qualquer coisa de japonês. De japonês paulistano, se é que me faço entender. Agora eu, meus queridos, nem com um garrafão de vinho em cima sou parecido com o Nobuhiro.

24.4.06

The snob cheat sheet for confusing similarities©

Bloc Party diferente de Art Brut diferente de Artic Monkeys.

© Snobsite

23.4.06

O mundo divide-se ...

Entre os que gostam de pornografia (pura e dura) e os que preferem o erotismo literato de mama pequena.

22.4.06

Nada

À sacramental pergunta: “o que é que se passa?” - ou, noutra variante, “em que é que estás a pensar?” -, o homem sistematicamente responde “nada”. Não porque nada se passe, nem porque se esteja a pensar em nada. Nada não existe e a cabeça está sempre a pensar. O que sucede é que perante uma pergunta-tipo tão irritante, tão anti-tusa, "nada" é o que apetece dizer. A melhor forma para desconversar é fazer perguntas destas. As mulheres sabem-no bem. Por isso as repetem tanto.

Pesadelos

Nos piores pesadelos metafísicos, nasce o ódio pelas pessoas de quem mais gostamos. Já nos piores pesadelos físicos a constante são os insectos.

Às miúdas e às mulheres, prefere as mulherzinhas.

19.4.06

18.4.06

Days of being wild (II)

O que fica, passados os days of being wild?

Days of Being Wild

Gosto bastante de Chungking Express e Fallen Angels, acho Happy Together uma chatice e In the Mood for Love uma maravilha. Nunca tinha visto - até ontem - Days of Being Wild. É uma espécie de prólogo de In the Mood. Mas não só, o segundo filme de Wong Kar Wai é muito mais que isso. Passa-se no anos 60, Hong Kong colonial, vintage, com cadeiras de palhinha, vestidos de seda, Django Reinhardt e a chuva imparável das monções. Yuddy tem uma mãe que afinal não é sua mãe e duas mulheres apaixonadas por si. Por ser incapaz de optar, acaba por rejeitar ambas. Estas, por sua vez, levam involuntariamente outros dois homens a caírem aos seus pés. Também os rejeitam, pois gostam de Yuddy. Ninguém se encontra. Este filme lembra coisas como Macao de Sternberg ou algumas músicas de Tom Waits circa Rain Dogs. E tem ainda muito a ver com o conceito de "prestes a chegar". Todos tentam, todos estão prestes, mas ninguém chega a lado nenhum.

Long live D. Bina

D. Bina não percebe porque é que há tanta gente a admirar o Salvador Dali quando existe um tão mais jeitoso aqui, no andar de baixo.

(Para o Nuno)

15.4.06

Post pascal


Adoro o Ben-Hur, mas ainda gosto mais de O Remador de Ben-Hur.

Malone está a nascer

Dos 468 posts sobre Samuel Beckett que li nos últimos dois dias, registo um em especial, do Pedro Lomba, que o dá como nascido anteontem, dia 13 de Abril de 2006. Quererá isso dizer que Cristo, afinal, só foi crucificado há 1873 anos? Que estamos a iniciar o tremendo século XX? Ou que, por outro lado, Beckett nasceu mesmo há dois dias e está na CUF Descobertas à espera de uma visita dos 453 bloggers lusitanos (e da Graça Lobo) que desde há tanto tempo o idolatram?

13.4.06

Prestes a chegar

A sensação de estar “prestes a chegar” envolve quase sempre dois momentos: um primeiro de euforia (mais ou menos expansiva, mais ou menos contida), por estar prestes a chegar; e um segundo de aperto, por continuar prestes a chegar sem porém alguma vez chegar.

Acertar

Para o inepto e para o cáustico acertar é um acto falhado

12.4.06

Acertar outra vez. Acertar melhor.

Acertar é um risco. Acertar é tornar o fracasso (ainda mais) inaceitável. Ao acertar, está elevar-se a fasquia. A formar responsabilidade. A criar a obrigação de que as coisas corram bem. Porque acertar, já se sabe, é diferente de acertar em cheio. E só no fim saberemos se acertámos em cheio.

Adaptação

I remember you well in that Chelsea corner (11th av. 22nd st.)
You were drinking lemonade cold and bitter.

11.4.06

Boas e más notícias

Primeiro as más: a esquerda ganhou. Agora as boas: a Itália volta ao seu estado natural de ingovernabilidade.

10.4.06

Non sono l'italiano

Pois se fosse, (para além de dobrarem as hipóteses de ser feliz) votava Fini. E perdia na mesma, o que também é reconfortante saber.

Veneza, North Bend, Washington, USA

7.4.06

Mulholland driver (III)

5.4.06

Taxi driver (II)

Thank God for the rain to wash the trash off the sidewalk.

Taxi driver

Certezas absolutas não tenho, mas estou convencido que foi Jorge Máximo, conhecido taxista e agitador de assembleias gerais benfiquistas, que me guiou de casa até ao escritório. Durante o trajecto – sete minutos debaixo de chuva intensa – não se calou. Explicou-me a táctica para passar a eliminatória, dizendo que a bola não podia parar muito tempo no meio campo. Falou-me de triangulações entre Simão, Miccoli e Geovani. Empolgou-se com bolas paradas chutadas pelo Manuel Fernandes. E, pelo meio, insultou – com a minha aprovação - dois merceeiros que obstruíam a via enquanto descarregavam as suas carrinhas.
Resultado: hoje, sou do Barcelona desde que nasci.

4.4.06

Lost

Se o avião da TAP que me trouxe de NI caísse numa ilha deserta (?), o elenco seria composto, entre outros, por um ministro dos negócios estrangeiros embaraçante (imaginar um Jabba the Hutt carrancudo) e Paul Auster. Portugal ficaria menos divertido. O Brooklyn ficaria mais pobre. Ganhava a ilha.

Viva a sociedade de consumo

11 dvd's, 23 livros, 29 discos, 10 pares de calças, 15 pares de meias, 11 t-shirts, 1 malão ...

3.4.06

The return of the screw

Como contraponto à já clássica (e cada vez mais extensa) secção gay and lesbian, a Barnes & Noble instituiu em algumas das suas livrarias um canto, pequeno e discreto, dedicado às temáticas drinking, smoking and screwing. Para os dois, três, quatro, dezoito passadistas que lêem livros e ainda gostam destas coisas.

A night at the Birdland

Não foi Charlie Parker, nem Art Blakey, nem Sun Ra (até porque já estão todos mortos). Na sexta-feira passada, o Birdland encheu-se (de japoneses, mostly) para ver e ouvir o quinteto de Enrico Rava. Rava - o Ricardo, melhor que eu, poderá atestá-lo - é um dos grandes trompetistas em actividade. Toca um jazz clássico, tenso, mas com amplos espaços de respiração. Às tantas, a meio do set, saiu-se com uma versão de My Funny Valentine capaz de pôr em sentido o mais exigente fã de Miles Davis. Na mesa ao lado da minha, Al Foster e Joe Scofield iam dizendo que sim com a cabeça, enquanto deitavam abaixo uma garrafa de vinho tinto. Os japoneses, esses, tiravam fotografias sem flash.

1.4.06

Mais um

Mingled
breath and smell
so close

mingled
black and white
so near

no room for fear

Subway Rush Hour, Langston Hughes

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Atmosphere / She's Lost Control, Joy Division, Uk Factory 1980 (12inch). Mint.
Laurie Anderson - O Superman / Walk the Dog
O Superman / Walk the Dog, Laurie Anderson, Warner Bros 1981 (single). Mint.

Love is not in the air

As avenidas nova iorquinas são cenário de multiplas guerras frias: India contra Paquistão; China versus Coreia; Estados Unidos contra Rússia - a tensão sente-se (e ouve-se) no ar. Como o armamento é pesado e o embate presumivelmente letal, não obstante as ameaças, os taxistas de Manhattan ficam-se pelo insulto verbal e gestual.

Frase do dia

My Dick would make a better vice-president