Amstel. No seu leito repousa um Samsung NH qualquer coisa. Dentro deste repousam alguns inesquecíveis sms.
Bicicletas. Tal é a abundância que o ladrão, por estas bandas, não é célebre.
Calvinismo. Ao percorrer o extenso canal Herengracht, onde durante o período do apogeu marítimo e comercial holandês a burguesia edificou as suas moradas, percebe-se por que razão o calvinismo é considerada a religião do capitalismo.
Canais. Menos e menos mal cheirosos que os de Veneza.
Classe média. Uma cidade aristocraticamente burguesa.
Companhia das Índias. Para uns, é apenas aquilo que se quer salvar, juntamente com a prataria, quando o direito à propriedade periga. Para a História, fica como o primeiro passo da globalização tal e qual hoje existe. Uma multinacional fundada nos inícios de 1600, com sede em Java e sucursais nos quatro cantos do mundo. Foi também a primeira empresa a emitir acções. Se nada mais a Holanda tivesse dado ao mundo, a Companhia das Índias Orientais bastaria para justificar a sua existência.
Holandesas. Piores que as italianas, gregas, eslavas, portuguesas e nórdicas. Iguais às alemãs. Parecidas com as belgas. Melhores que as inglesas. Maiores que as suíças.
Janelas. Os amesterdanenses, como outros povos do norte da Europa, têm uma fixação: aproveitar ao máximo a escassa luz natural que os curtos dias oferecem. Constroem casas com janelas enormes, quase sempre sem cortinas, estores, persianas ou portadas. Estão-se nas tintas para que olhem lá para dentro. Até porque os interiores são geralmente decorosos.
King Hasan Supreme. Especialidade marroquina, moderadamente recomendável, servida em estabelecimentos de evasão.
Luz. "There is a light that never goes out". Ou melhor, duas: a de inverno, depois de vê-la in loco; e a da escola holandesa do Século XVII, depois de vê-la in loco.
Politicamente correcto. Perante um africano em pose majestática ostentando um opulento casaco de vison (do bom, pareceu-me), o bloquista neerlandês, amigo dos animais e defensor das minorias étnicas, fica baralhado e hesita de spray de tinta em punho.
Red Light District. Quarteirão onde mulheres semi apresentáveis observam através de portas de vidro os modos alarves de adolescentes franceses com acne.
Rijksmuseum. No póquer não há jogo máximo. O royal straight flush é batido pelo póquer mais baixo (normalmente o de setes). No Rijksmuseum também não há um quadro máximo. Se à saída A Ronda de Rembrandt bate todos os demais, à entrada, Banquete em honra do tratado de Münster, de Bartholomeus Van der Helst, não tem qual o supere.
Van Gogh. Tenho um problema com o impressionismo na pintura. Tenho um problema com Van Gogh. Tenho, portanto, dois problemas. Não gosto de nenhum.
(continua)
2.3.06
Amesterdão de bolso
p. by Eduardo
Arquivo do blogue
Links
- 31 da Armada
- Atlântico
- Arrastão
- As Aranhas
- Blasfémias
- ...bl-g- -x-st-
- Bomba Inteligente
- O Cachimbo de Magritte
- A Causa Foi Modificada
- Contra a Corrente
- Desesperada Esperança
- Devaneios
- Diário
- Estado Civil
- Ex-Ivan
- O Futuro Presente
- Gato do Cheshire
- Homem a Dias
- Incontinentes Verbais
- O Insurgente
- Mar Salgado
- Memória Inventada
- A Invenção de Morel
- Moody Swing
- Noite Americana
- No Quinto dos Impérios
- Origem das Espécies
- Pastoral Portuguesa
- Portugal Contemporâneo
- Still Kissin
- Tradução Simultânea
- Um Blog sobre Kleist
- Vício de Forma
- Voz do Deserto
- Abrupto
- Alexandre Soares Silva
- The American Conservative
- Ananana
- A & L Daily
- Artnet
- The Believer
- Blissblog
- Cinco dias
- Cinecittà
- Commentary
- flur
- Hitdabreakz
- Jazz e Arredores
- João Pereira Coutinho
- National Review
- Other Music
- Pitchfork
- Pobre e mal agradecido
- Provas de Contacto
- Shock Cinema
- Snobsite
- The Spectator
- Suicide Girls
- Wall Street Journal
- The Wire