28.2.07

Morricone B e Z

Il federale, I marziani hanno 12 mani, Duello nel Texas, I maniaci, The Bible, Agente 077: Missione Bloody Mary, The Thing, Sai cosa faceva Stalin alle donne?, Sette pistole per i Mac Gregor, Navajo Joe, L'harem, La sindrome di Stendhal, Danger: Diabolik, Galileo, Comandamenti per un Gangster, Two Mules for Sister Sara, Il gatto a nove code, Bluebeard, I racconti di Canterbury, Dalle Ardenne all'inferno, Holocaust 2000, Gli amanti d'oltretomba, Der Richter und sein Henker, Indagine su un cittadino al di sopra di ogni sospetto, Bloodline, Le professionnel, White Dog, Quando le donne avevano la coda, Red Sonja ...

27.2.07

Fim de semana alucinante nas ilhas Britânicas (apesar de O'Toole)

Consagração da Rainha, do último rei da Escócia, e sova (43-13) da Irlanda à Inglaterra, no torneio das seis nações. Dylan Thomas manteve-se morto.

26.2.07

Já não há qualquer tipo de respeito


Obrigam este senhor a sair do conforto da sua casa, a passar mais de dez horas preso num avião, a ficar quase cinco sentado e longe de um bar, a ouvir a prédica de Al Gore (onde está Lee Oswald quando precisamos dele), a expor a sua perfeição em adiantado estado de dissolvência, a observar com olhos transparentes a boçalidade de uma Céline Dion, e no fim não lhe dão a porra do Óscar, uma ovação de pé, um “obrigado” por tudo o que fez.

24.2.07


Heaven, por Jarvis Cocker
17 de Fevereiro de 2007, Astoria, Charing Cross, Londres

23.2.07

O metro londrino está perigoso

Acabaram as bombas do IRA mas há gente a ler Chomsky.

Quem procura sempre encontra


Stereolab/Nurse With Wound, Crumb Duck
Clawfist, 1993
£ __, Intoxica, 231 Portobello Road, London, W11


Nurse With Wound, Drunk With The Old Man Of The Mountains
United Dairies, 1987
£ __, Rough Trade, 130 Talbot Road, London, W11 1JA


Moondog, Moondog and his Honking Geese
Moondog Records, 1955
£ __, Rough Trade, 130 Talbot Road, London, W11 1JA

22.2.07

Inglês médio salvo por grande americano

Até aos encores, o concerto de Jarvis Cocker decorrera sem sobressaltos: repertório agradável, suicide girls, som de altissíma categoria, nada a assinalar, portanto. Mas eis senão quando Jarvis deixou-se de Jarvis (o disco) e resolveu cantar Heaven, muito provavelmente, a melhor música de sempre, idealizada, composta e imortalizada por David Byrne, enquanto Talking Head. Foi, como se costuma dizer, uma epifania.

21.2.07

g. g. cumings

Gilbert & George. Fraude, arte, lobismo gay? Gentleman gay, nesse caso, com fatos às riscas, óculos de massa, pocket squares e demais parafernália. Um mérito têm: a iconografia que criaram é reconhecível a quilómetros de distância (facto que, segundo os especialistas, distingue os grandes dos outros). Mas de resto, ao percorrer a retrospectiva da Tate Modern, o que fica é a ideia de que pouco mais fizeram. Se as postcard sculptures (finais de 70) têm graça, e os títulos "conceptuais" divertem, a fórmula gilbertegorgiana por excelência - grandes montagens de autoretratos, imagens e slogans obescenos, com vaga pretensão a comentário social -, à medida que o tempo avança e que a dupla envelhece, torna-se evidente e repetitiva. As últimas obras revelam por completo aquilo que antes apenas se insinuava: Gilbert & George pouco mais têm para dizer que não seja "fuck", "shit", "piss", "cum", "eat cum", "drink cum". O que começou por ser provocatório, logo se tornou cansativo. E, pior que isso, deprimente.

16.2.07

California

California has in the course of the seventies managed to convince itself and at least part of the rest of the world that this "pleasure", "happiness", "contentment" stuff might actually be attainable on a day-to-day basis.

Lester Bangs, 1980.

9.2.07

Por que voto Não

A minha defesa do Não, caso ainda não se tenha percebido, assenta no seguinte princípio: a liberdade não é um valor absoluto. Este é, aliás, o primeiro requisito para que a liberdade possa ser preservada enquanto valor. Uma sociedade onde se decretasse uma liberdade individual absoluta tornar-se-ia, em poucos dias, numa sociedade de escravos. Os mais fortes, munidos da sua liberdade absoluta, anulariam rapidamente os mais fracos. E a utopia de um lugar incondicional e interminavelmente livre terminaria no pior dos despotismos. É uma História antiga e recorrente que já todos conhecemos.

Partindo deste princípio, entendo que o Estado não só tem o direito, como o dever de limitar a liberdade das pessoas. O seu papel é definir as circunferências ou esferas de liberdade que devem rodear cada indivíduo, de forma a impedir que esbarrarem umas nas outras ou se anulem mutuamente. E a política, mais do que tudo, é a arte de gerir esse poder público de limitar a liberdade sem simultaneamente dar cabo dela.

Na questão do aborto há dois valores em confronto: a liberdade de escolher terminar uma gravidez e o direito de viver até nascer. Claro que, se se considerar que "aquilo" que está dentro do útero materno não é uma vida, ou não é uma vida humana, a questão do confronto não se põe. As "coisas" e os animais não têm que ter liberdades ou direitos. Mas, hoje, a vida do embrião é uma evidência científica. E sendo o embrião humano, humana tem que ser a sua vida. Não uma vida de valor igual à vida de uma pessoa nascida. Um embrião não é o mesmo que uma pessoa. Mas, ainda assim, uma vida humana. E Logo, um valor que importa proteger.

É aí que aparece o Estado, a Lei, a lei penal. Pode ou não a liberdade de escolha prevalecer sobre o direito do embrião a viver? Em que casos pode? Em que casos não pode? São estas as grandes questões que o aborto põe.

Se partirmos de um pressuposto rousseauniano, de que o homem é sempre bom, de que os seus instintos são sempre positivos, de que a sua vontade é sempre responsável, e admitirmos também que bondade, positividade e responsabilidade são conceitos inequívocos, podemos então concluir que a liberdade de escolha, em qualquer circunstância, é sempre uma liberdade inofensiva. O homem infalivelmente bom usará a sua liberdade apenas para fazer o bem.

Sucede que eu não parto desse pressuposto, mas sim de um outro: a natureza humana é híbrida. O homem é capaz do bem e do mal. O homem é capaz de acções positivas e acções negativas. O homem é capaz de ser responsável e irresponsável. O homem é, por natureza, um ser ambivalente. Daí a necessidade de, através de normas gerais e abstractas, condicionar os seus comportamentos de modo a conformá-los com os comportamentos alheios e permitir assim a vida em sociedade. Daí a necessidade de proibir e punir quem infringe. Daí o direito penal.

Ora, do princípio de que parto, o aborto, por ser um acto humano, é também um acto susceptível de ser praticado pelas mais variadas razões. Umas boas, outras más; umas ponderadas, outras não; umas graves, outras leves; umas maiores; outras menores. Por isso recuso em absoluto a ideia de que um aborto é algo que só é feito em casos extremos; em casos em que é inevitável; em casos em que o motivo que a ele conduz é de tal modo determinante que elimina a responsabilidade de quem o faz. Por isso recuso a mera hipótese do aborto livre. Porque sei que, se for livre, tenderá a crescer. Poderá ser feito com naturalidade, como se de um comportamento normal se tratasse. Poderá ser usado como um acto meramente utilitário. É assim a natureza humana.

E por isso também, com base nos pressupostos ético-políticos de que parto - de que no aborto estão dois valores em confronto; de que a liberdade não é um valor absoluto; de que o embrião é já uma vida humana; e de que o aborto, por ser um acto humano, é algo susceptível de ser praticado por múltiplas e insondáveis razões - entendo que o Estado, enquanto poder público que regula a liberdade de uns com o objectivo de proteger a liberdade de todos, deve, por princípio e por prudência, proibir o aborto e fazer prevalecer a vida em detrimento do livre arbítrio. Concedendo, porém, que em certos casos, dadas as circunstâncias em que os valores “liberdade de escolha” e "direito de viver” se confrontam, o aborto seja permitido.

Considero, pois, que a Lei em vigor é uma boa lei. Porque respeita o princípio hierárquico-valorativo de que a vida está primeiro que a liberdade, autorizando excepcionalmente que esta prepondere sobre aquela, apenas e só, na medida em que as circunstâncias que rodeiam o seu concreto confronto sejam deveras determinantes para o justificar. Por isso vou votar Não.

7.2.07

Cura de passeata

A propósito do agora muito citado Frei Bento Domingues, lembro-me de uma tirada de Nelson Rodrigues: "antes um Padre ultraconservador que um Cura de passeata"

1.2.07

E isto não é um post sobre o assunto do momento

Como todo o homem sabe (ou desconfia), há alturas em que o não não é senão um rotundo e eufemístico sim.