27.4.07

Tristes Trópicos

Joanna Newsom no dia 2 e Nurse With Wound no dia 5 ...

Lamentavelmente, vou estar no Brasil.

Frisco prefer blondes (me too)




Vertigo, Basic Instinct, Kim Novak e Sharon Stone. Mas eu conheço uma que a estas junta a Kathleen Turner de Body Heat. É a melhor loira de todos os tempos.

24.4.07

Longe do planeta Terra

Primeiro mandamento: adorar a Deus sobre todas as coisas

O Pedro Adão elogia bem os Animal Collective (provavelmente, o melhor grupo de agora), mas comete sacrilégio quando usa a expressão "sobrevalorizados" para se referir a Smile e a Pet Sounds. Smile e Pet Sounds, Pet Sounds e Smile, só Smile ou só Pet Sounds, apenas um quarto de qualquer um destes, a mera ideia ou a fugaz audição de um acorde dos oitenta e seis minutos e vinte e quatro segundos que são o tempo total dos dois somados, as letras P (for Pet Sounds) ou S (for Smile), um pintelho do Brian Wilson, tudo ou qualquer coisa que tenha a ver com os dois nunca sobejamente referidos discos é perfeito. Tão perfeito que chega a fazer-nos duvidar da perfeição.

Carl Solomon! I'm with you in Rockland
where you're madder than I am
I'm with you in Rockland
where you must feel very strange
I'm with you in Rockland
where you imitate the shade of my mother
I'm with you in Rockland
where you've murdered your twelve secretaries
I'm with you in Rockland
where you laugh at this invisible humor
I'm with you in Rockland
where we are great writers on the same dreadful
typewriter
I'm with you in Rockland
where your condition has become serious and
is reported on the radio
I'm with you in Rockland
where the faculties of the skull no longer admit
the worms of the senses
I'm with you in Rockland
where you drink the tea of the breasts of the
spinsters of Utica
I'm with you in Rockland
where you pun on the bodies of your nurses the
harpies of the Bronx
I'm with you in Rockland
where you scream in a straightjacket that you're
losing the game of the actual pingpong of the
abyss
I'm with you in Rockland
where you bang on the catatonic piano the soul
is innocent and immortal it should never die
ungodly in an armed madhouse
I'm with you in Rockland
where fifty more shocks will never return your
soul to its body again from its pilgrimage to a
cross in the void
I'm with you in Rockland
where you accuse your doctors of insanity and
plot the Hebrew socialist revolution against the
fascist national Golgotha
I'm with you in Rockland
where you will split the heavens of Long Island
and resurrect your living human Jesus from the
superhuman tomb
I'm with you in Rockland
where there are twenty-five-thousand mad com-
rades all together singing the final stanzas of the Internationale
I'm with you in Rockland
where we hug and kiss the United States under
our bedsheets the United States that coughs all
night and won't let us sleep
I'm with you in Rockland
where we wake up electrified out of the coma
by our own souls' airplanes roaring over the
roof they've come to drop angelic bombs the
hospital illuminates itself imaginary walls col-
lapse O skinny legions run outside O starry
spangled shock of mercy the eternal war is
here O victory forget your underwear we're
free
I'm with you in Rockland
in my dreams you walk dripping from a sea-
journey on the highway across America in tears
to the door of my cottage in the Western night

Still this Howling thing

Quarenta e dois anos depois de Ginsberg, vinte e um depois de Christopher Buckley e Paul Slansky na New Republic, é a vez de Alexandre Soares Silva.

19.4.07

Abril é evolução

PCP -> PS -> CEO

18.4.07

Virginia — The West

Explicar massacres como o da Virgínia partindo do pressuposto de que o homem é bom e é a danada da sociedade que o perverte, é ignorância que já nem à Dra. Maria Barroso se desculpa. A História tem dado algumas provas de que o homem não é assim tão bom como isso e, apesar de tudo, as sociedades evoluidas ainda vão sendo aquelas onde a margem para a violência é menor. Seja pela força da lei, seja pelo estímulo do bem-estar, o homem social é em regra menos perigoso que o homem animal; e o homem social, numa sociedade como a americana, é seguramente mais afável que o homem social de uma sociedade primitiva. Tirando isso, parece claro que num lugar onde não existissem armas de fogo ninguém mataria trinta e tal pessoas com uma arma de fogo. Tal e qual como, num lugar onde não existissem pessoas, ninguém mataria pessoas .


E um disco com uma capa assim, é ainda um disco de Bill Evans ou é já um disco de Nico?

17.4.07

E=mc²

Bom... a teoria da relatividade cabia numa folha A4.

15.4.07

Badlands

O western é de todos os géneros cinematográficos aquele que melhor serve para especular sobre os comportamentos humanos. Numa terra sem lei, ou à procura dela, o homem sente-se livre para agir segundo os seus instintos. Instintos que vão desde a simples sobrevivência até outros mais sofisticados, como a generosidade ou a maldade ou a vingança. Os westerns clássicos (Ford, Hawks, Huston) acentuavam os bons sentimentos, os bons instintos, a integridade ético-moral do herói que num ambiente propício à corrupção acabava por escolher o lado bom, ainda que para tal tivesse que usar a violência e o mal. Os fins - e as circunstâncias hostis - acabavam por jutificar os meios. A violência do western é uma violência com sentido. Nessa medida, é uma violência respeitável. Sam Peckinpah foi mais longe e tratou-a não só com respeito mas com sentido estético. A violência, porque sustentada num código de valores, passou a ser glorificada. Ética e plasticamente glorificada.

Tudo isto para chegar a The Proposition (2005), um western passado no Outback australiano, em finais do século XIX, escrito pelo grinderman Nick Cave e realizado por John Hillcoat. O filme começa, à boa maneira de Peckinpah, com um tiroteio infernal, na sequência do qual o xerife inglês, Morris Stanley, captura dois dos três irmãos envolvidos no brutal assassinio de uma mulher grávida. Em vez de os enforcar como manda a lei, resolve fazer-lhes uma proposta: um fica detido e o outro é solto com a obrigação de trazer, vivo ou morto, o terceiro irmão, verdadeiro responsável material pelo crime. Se cumprir, os dois são libertados; se não, o irmão preso é executado, nove dias depois. É Natal. Stanley Morris quer civilizar a Austrália. Acha que é mais importante punir o responsável do que matar apenas para dar o exemplo. A sua mulher, Martha, serve chás no deserto em serviço de porcelana inglesa. Mas a Austrália não está para ser civilizada e a comunidade reaje à iniciativa de Morris, hostilizando-o. O filme é fabuloso. A planície australiana, com os seus "grandes espaços", a fazer a vez de Monument Valley. Um aterrador John Hurt, a representar como se se tratasse de Shakespeare. Milhares e milhares de moscas a pousar em tudo o que existe. Poeira e lama. A cabeça de um aborígena pelos ares. O canto do nómada e a canção do carrasco. Uma terra selvagem, povoada por selvagens, que agem selvaticamente por instintos. De vingança, de sadismo, se sobrevivência e de mimetismo. No meio disso, um homem que tenta racionalizar o seu instinto de justiça. E no fim, como também já não se usa, um final trágico. Trágico e aberto, para mais tarde especular.

12.4.07

Ainda a propósito de psicanálise e do PS

Há que não confundir Jacques Lacan com Jorge Lacão.

11.4.07

Do divan ao Correio da Manhã

Um dos pesadelos recorrentes de quem frequentou a universidade é constatar, a meio do sono, que ainda não acabou o curso. Que há cadeiras por terminar, ou - basta - que falta passar a uma cadeira. Que o exame é amanhã e que já não há tempo para estudar. Que, estando prestes a fazer algo para cuja prática o curso é requisito, somos descobertos. Apanhados, como naquele outro pesadelo em que se é apanhado nu a atravessar a rua. É um sonho universal. Jung, Freud, Perls, todos os grandes psicanalistas o estudaram. Alguns atribuem este pesadelo a um trauma com longos dias e longas noites de estudo. Outros, ao horror com que algumas pessoas ficaram da sua passagem pela Universidade. Outros ainda ao receio de assumir responsabilidades. Ou à aproximação de um teste na nossa vida. Há até aqueles (Wilhelm Stekel) que explicam este sonho com base no - tch, tch, tch, tchan - sexo. Independentemente das várias interpretações, num ponto estão todos de acordo: pesadelos como este só acontecem a quem concluiu o curso. Que a actualidade seja rasa e maçadora é uma inevitabilidade que se aceita. Agora que caricature um dos mais fascinantes clássicos do onirismo é que já começa a ser pouco simpático..

De Pink Flag aos Pink Floyd

6.4.07

You were always on my mind .. Mystery train ... the ghost of Elvis... who you gonna call: ghostbusters

Todos

Às tantas, no excelente Le Cercle Rouge, de Jean Pierre Melville, há o seguinte diálogo entre o ministro do Interior e um comissário da polícia: Não se esqueça, todos os homens são culpados. Mesmo os polícias? Todos. E não, a conversa não era sobre criminalidade.