29.11.06
28.11.06
24.11.06
Stónes
Festa de lançamento do blog 31 da Armada, hoje, pela meia noite, no Stones. Diz que o Rod Stewart vai.
p. by Eduardo
Debaixo do vulcão
E o Autumn Leaves, e aquela interpretação do The Thrill is Gone?
A ideia de estar sentado numa cadeira confortável, ao lado de uma mulher inteligente, a ter conversas impecáveis sobre mundanidades, longe das mundanidades, a anos luz das mundanidades, na coxia da plateia, minutos antes de um concerto pela melhor voz femenina do mundo a cantar os blues, que por absurdo é apenas adorada por góticos e por góticas, que enchem a sala, que afugentam as pessoas conhecidas, que de qualquer forma nunca lá estariam, debaixo do vulcão, foi uma ideia genial.
p. by Eduardo
23.11.06
Major turn off
Uma ONG sugere, para dia 22 de Dezembro, um "orgasmo global sincronizado pela paz no mundo". Um orgasmo global sincronizado pela paz no mundo?
(via Fato)
p. by Eduardo
16.11.06
15.11.06
Bondofilia aguda
Via Noite Americana, tomo conhecimento da lista das melhores Bond Girls.
Carole Bouquet merece mais que um décimo lugar. Primeiro, porque conseguiu, em 1981, início da década mais feia de sempre, fixar um padrão de qualidade estética raríssimas vezes superado nos anos que se seguiram. Depois, porque tem muitas das qualidades que o Rui Branco exige - desde logo, o facto de o seu móbil não ser altruista. Está-se nas tintas para o mundo e quer apenas vingar a morte dos pais. Finalmente - argumento decisivo -, porque em 1981, quando vi For Your Eyes Only pela primeira vez, salvo erro no centro comercial de Alvalade, tinha oito anos. E, como é sabido, as imagens que vemos aos oito anos marcam-nos para sempre.
Não acho bem que Maude Adams, Bond Girl em Octopussy, seja atirada para a lista das dez piores de sempre. Ao contrário do que diz a Entertainment Weekly, o seu desempenho teve momentos arrebatadores e originais. Como, por exemplo, aquele em que diz: Oh, James ... antes de se entregar nos braços de Roger Moore.
E Lois Maxwell, onde é que está Moneypenny? Ok, tecnicamente não é uma Bond Girl. Mas, bem vistas as coisas, de Dr. No a View to a Kill, acaba por ser muito mais que isso: uma expectativa sempre (bem) defraudada da melhor Bond Girl, da melhor Bond Woman, da melhor Bond Milf e da melhor Bond Granny.
p. by Eduardo
14.11.06
Parem as máquinas
E as discussões sobre Sócrates, o Estado, a América e o mundo.
Neil Young & Crazy Horse Live at the Fillmore East. Sai hoje.
p. by Eduardo
13.11.06
Jarrett's in the house
Depois do alarmista (mas bom) artigo do Expresso, sentia-se alguma tensão no ar. As pessoas estavam com medo de tossir, de espirrar, de gemer, de arrotar, de emitir um qualquer ruído que pudesse servir de pretexto a Keith Jarrett para fazer uma das suas míticas cenas e deixar o Mega Ferreira à beira do colapso. Talvez por isso, nos minutos que antecederam a entrada dos músicos em palco, sucederam-se as tossidelas forçadas, como se não houvesse amanhã para libertar o eventual escarro entalado na garganta. A tal ponto que, das galerias, alguém às tantas gritou: “Foda-se, vamos a calar, caralho!”.
Bom, não foi exactamente assim. Mas o facto é que, passada a tosseira, a populaça lá se calou, as luzes lá se apagaram, e Keith Jarrett, no meio de um silêncio reverencial, entrou, fez uma vénia oriental, sentou-se e começou a tocar.
E tocou muito: das baladas ao boogie woogie, dos blues ao ragtime, do american songbook ao be bop, passando por aqueles tour de force abstractos que fizeram e fazem a sua glória a solo. Keith Jarrett, já se sabe, é um virtuoso. Mas o que o torna genial é a capacidade de contextualizar a prodigiosa técnica que tem com a memória da música americana (e ocidental), para daí, súbita e desenfreadamente, partir para outras - até então - inalcançáveis paragens.
No meio disto, Gary Peacock (contrabaixo) e Jack DeJohnette (bateria) são apenas a sua (competentíssima) secção rítmica. Marcam o tempo e traçam a estrada onde o génio se passeia e da qual por várias vezes se desvia. Num ou noutro momento, lá vão tendo direito ao seu solo (ontem, Peacock foi favorecido), sempre contido e subjugado ao quase absolutismo do piano. Talvez por isso, como trio, ache superior Bill Evans com Scott Lafaro e Paul Motion. É mais equilibrado, mais justo, mais clássico. Mas, como música liberta de todas as grelhas epistemológicas, prefiro Jarrett. Com os seus improvisos, massaja melhor aqueles pontos da alma que ficam meses e meses sem se ex(er)citarem.
p. by Eduardo
10.11.06
1, 2, 3 discos
Ys (Joanna Newsom): muito melhor que o primeiro The Milk-Eyed Mender. A voz de Joanna Newsom cresceu, ampliou, desagudizou, está menos histriónica e menos bushista (de Kate Bush). As orquestrações de Van Dyke Parks e a gravação de som quase analógica de Steve Albini fazem o resto.
Space (Rafael Toral): demasiado out e cerebral (tal como Tone Gardens do companheiro de luta Sei Miguel). Mas, ainda assim, à terceira ou quarta audição, brilhante. Minimalismo electroacústico; ruídos de estática; ausência total de melodia, harmonia, ritmo; apenas som e espaço entre o som. Uma espécie de Forbidden Planet made in Bairro Alto.
New York Noise vol. 3 (V/A): a verdadeira banda sonora de Nip Tuck.
p. by Eduardo
8.11.06
Route 66
É por a América ser mais conservadora que a Europa, mas também muito mais liberal, que a sua política é infinitamente mais interessante que a europeia.
p. by Eduardo
Moral majority reloaded
A esta hora ainda não há certezas sobre se os democratas ganham ou não as eleições. Seja como for, não haverá muitas razões para a esquerda europeia festejar. É que uma boa maioria dos candidatos democratas vencedores, quando avaliados à luz dos padrões vigentes na progressista Europa, mais parecem políticos de "extrema-direita". Da tal que, em questões "fracturantes" como o aborto e o same sex marriage, é apelidada de "dura".
p. by Eduardo
Bloggerum patologicus (V)
- Coitada, enloqueceu.
- Porquê, ele abandonou-a?
- Não, deslincou-a.
p. by Eduardo
3.11.06
The departed (II)
Allen Ginsberg é uma espécie de Walt Whitman em versão cínica. Em Footnote to Howl, Ginsberg qualifica de sagrado tudo aquilo que lhe ocorre. Holy, holy, holy. Everything is holy! Everybody's holy! Everywhere is holy! Da alma ao ecstasy; dos misteriosos rios de lágrimas que correm por debaixo dos passeios aos “cocks of the grandfathers of Kansas”; do tempo à eternidade, e desta como extensão daquele e deste como preenchimento daquela; e ao caminho-de-ferro, e à locomotiva, como símbolos da América, terra dos grandes espaços, que pelos homens foi sendo desbravada.
A supermarket in California - poema audível por quem tiver o som ligado - é mais uma das homenagens que faz ao seu principal inspirador. Ginsberg começa por descrever um encontro onírico, surrealista, real (?) com a pessoa ou o espírito de Walt Whitman, num supermercado, algures na Califórnia. Na primeira parte do poema, Ginsberg conta o que viu e ouviu de Whitman, do ponto de vista de uma testemunha invisível, ou visível que vislumbra o invisível. Até que às tantas, momentos antes das portas do super fecharem, momentos antes das “famílias inteiras” regressarem às suas casas, dirige-se directamente a ele, questiona-o e, de certa forma, coloca-se nas suas mãos: Where are we going, Walt Whitman? The doors close in an hour. Which way does your beard point tonight? Os dois estão condenados a caminhar sozinhos, mas lado a lado, com Whitman a marcar o passo. Acima das vicissitudes do quotidiano. A confrontar os presentes e a conjecturar os futuros da América.
No fim, Ginsberg, com a ajuda da mitologia e aludindo também a Crossing Brooklyn Ferry, numa das mais bonitas interrogações da literatura, volta a afirmar a imortalidade de Whitman e da sua obra: como é afinal a América deste homem que, por não ter pago a moeda a Caronte (Charon), nunca chegou a passar para a margem dos mortos? Qual é, afinal, esta América que nunca chegou a ser tocada pelas águas do esquecimento?
p. by Eduardo
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